Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Amanda Mendes Martins da Costa - Psicólogo CRP 06/155761
Sigmund Freud já falava em “sentimento de culpa” há mais de 100 anos, sobre suas origens e repercussões.
Para o criador da Psicanálise, a culpa poderia ser originada no inconsciente, como uma resposta às atitudes ou situações que o indivíduo considera inadequada à sociedade na qual vive, informam os psicólogos.
Ou seja, é o sentimento de culpa por algo que não deveria ser feito de acordo com as suas percepções, sendo que essa sensação não precisa ser atrelada a ele propriamente, mas também em relação aos outros.
Para Freud, o sentimento excessivo de culpa poderia ser a chave para doenças neurológicas, como a depressão, ligada, principalmente, ao processo de civilização da sociedade.
Em uma de suas obras (“O Mal-Estar na Civilização”- 1930), Freud comenta: “O preço que pagamos por nosso avanço na civilização é a perda da felicidade com a intensificação do sentimento de culpa“. Para ele, as sociedades modernas reforçam nosso sentimento interno de culpa.
Muitos estudos se seguiram após a ideia freudiana sobre o sentimento de culpa. Hoje em dia sabe-se que as sensações e emoções vividas na primeira infância podem refletir futuramente em diferentes sentimentos que indicam culpa.
A falta de liberdade da criança em viver seus sentimentos mais genuínos como ira, descontentamento, alegria, raiva ou tristeza, ou os castigos e críticas recebidos pelo seu mínimo erro são repreensões que podem gerar a sensação de que, confessar os próprios prazeres e fracassos, poderá render uma punição ou a ilusão de que não será amada e aceita se agir de determinada forma.
Autoconfiança
A confiança em si próprio evita a insegurança e sensação de incompetência, sendo que estes estão muito relacionados com o sentimento de culpa.
A falta de confiança leva o indivíduo a questionar se está dando o seu máximo em diversas situações, seja no trabalho, com a família, com os amigos, etc.
Ele tem a sensação de que nunca está fazendo o suficiente, mesmo que isso envolva situações com as quais ele não tem nada a ver, por exemplo, o amigo que não está bem porque terminou o namoro.
Não há problema em querer ajudar o amigo, colocá-lo para cima, mas se culpar pela “não-melhora” dele é outra coisa.
A insegurança causada pelo sentimento de culpa pode levar o indivíduo a se considerar incapaz de realizar as responsabilidades mais comuns do dia a dia, como tomar decisões, cuidar de si mesmo, iniciar novas tarefas, resolver pequenos problemas, etc.
Um dos motivos, mas não o único, pode ser o desencorajamento frequente durante a infância em situações nas quais a criança poderia realizar sem problemas alguma tarefa com a supervisão do adulto.
Vergonha e culpa são a mesma coisa?
Não são a mesma coisa, mas estão interligadas. A vergonha está relacionada ao que você pensa sobre si mesmo, enquanto que a culpa é o mal-estar gerado por algo que aconteceu de errado com outra pessoa.
A semelhança entre os dois é que eles podem lhe deixar preso ao passado e, embora em alguns casos possam ajudar a pensar sobre as próprias atitudes, na maioria das vezes é levado ao excesso e impede o indivíduo de enxergar as coisas como elas realmente são.
Expectativa X Realidade
Uma frustração muito comum que leva ao sentimento de culpa é achar que é necessário atingir as expectativas dos outros.
A liberdade de ser quem é, para aprender e descobrir por si próprio o que traz felicidade é o que muitos almejam na vida, mas não sabem por onde começar a trilhar esse caminho.
A depressão é uma das consequências mais comuns sofridas por adultos repreendidos por seus pensamentos genuínos.
Em 2012, um estudo de neuroimagem constatou que quem teve ou estava sofrendo com depressão apresentava reação de culpa aumentada.
Os pesquisadores observaram que aqueles com o sentimento de culpa exacerbado “não conseguem” ter acesso ao comportamento que é socialmente aceitável ou não.
Ou seja, a sua sensação de culpa não é um estado que busca a solução de problemas – muitas vezes só piora a situação, fazendo com que o indivíduo sinta-se culpado por tudo, mesmo pelas situações em que ele não tem absolutamente nenhuma relação para tal.
Ajuda profissional
É importante levar em consideração que ninguém teve as mesmas experiências durante a infância e cada um processa de uma forma a sensação, seja para o lado bom ou ruim.
O psicólogo pode ajudar, ele possui as ferramentas adequadas para ajudar em cada caso, auxiliando a pessoa a se descobrir, encarar seus medos antigos e eliminar os sentimentos de culpa trazidos ao longo da vida, por meio da terapia.
Referência científica utilizada:
Green S, Lambon Ralph M, Moll J, Deakin JFW, Zahn R. Guilt-selective functional disconnection of anterior temporal and subgenual cortices in major depressive disorder. Archives of General Psychiatry, 2012.
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Autor: psicologa Amanda Mendes Martins da Costa - CRP 06/155761Formação: A psicóloga Amanda Mendes atua em seus atendimentos com base na TCC - Terapia Cognitivo Comportamental e na Psicanálise, com flexibilidade na utilização de métodos cognitivos comportamentais, atendendo adultos e terapia de casal em questões de ansiedade, relacionamentos, questões profissionais...
Excelente artigo! Todo educador (pais, professores e cuidadores) deveria ter que dominar esses conhecimentos para poderem se dedicar a uma criança.
Olá, sim, não devemos subestimar as crianças e tratá-las com o devido respeito, e isso é conquistado através de conhecimento. Abraços