A dependência de qualquer substância psicoativa, ou seja, que altere os comportamentos, é chamada de dependência química.
Ela pode se referir a álcool, maconha, cocaína, medicamentos e calmantes, e é considerada como um transtorno mental resultante da utilização constante das drogas.
Algumas vezes, os dependentes químicos são vistos pela sociedade como pessoas que não possuem força de vontade, fracas e que deveriam simplesmente abandonar o vício.
No entanto, é preciso entender que a dependência química faz com que o usuário das substâncias perca o controle do uso delas e, como consequência, perca também aos poucos seus controles emocionais, físicos e psíquicos. Por isso, ao chegar nessa situação, é preciso buscar ajuda.
Sumário
- O que é a dependência química?
- Uso, abuso e dependência
- 7 fatos sobre dependência química que você precisa saber
- Consequência da dependência química
- Como a psicologia auxilia no tratamento para dependentes químicos
1. O que é a dependência química?
A dependência química foi demarcada e catalogada na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) da seguinte forma:
“Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se manifestam após o uso recorrente de certa substância. De acordo com o CID, o código para a dependência química é o F19 sob o registro “Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso de Múltiplas Drogas e ao Abuso de Substâncias Psicoativas”.
De acordo com os dados da ONU, cerca de 240 milhões de pessoas são usuárias de algum tipo de droga que causa dependência. A dependência química ocorre quando a pessoa se torna incapaz de resistir à vontade do uso de substâncias.
É importante assinalar que existem muitos níveis de dependência química. A famosa e inocente cervejinha no final do dia pode ser um tipo de dependência. Ou seja, ela não é exclusividade dos indivíduos que são capazes de cometer determinadas transgressões para obtenção da droga.
2. Uso, abuso e dependência
Para entender a diferença entre o uso, abuso e dependência das substâncias químicas, é preciso saber que isso se trata de um ciclo, uma evolução progressiva.
Porém, apesar de frequente, não é possível dizer que uma etapa sempre acarretará em outra. Em alguns casos, isso não acontece.
A evolução para cada uma das etapas de interação com a droga ocorre quando o uso delas se torna mais frequente. Além disso, o uso precoce de substâncias psicoativas tende a provocar problemas mais graves ao usuário no futuro.
2.1 Uso
O uso se caracteriza como a autoadministração de qualquer tipo de droga, podendo ser rotineiro ou não. É o caso da situação em que as pessoas têm seu primeiro contato com a droga, na conhecida “experimentação”.
Nessa etapa, elas ainda não são prejudicadas pelo uso e conseguem abandonar o consumo por iniciativa própria, caso queiram.
2.2 Abuso
Nessa etapa, o usuário já está em um padrão de consumo que aumenta o risco dos problemas e consequências relativos à substância usada. Segundo a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na fase do “abuso” já é possível perceber consequências sociais do consumo da droga.
2.3 Dependência
Nessa etapa, já não existe mais controle nenhum por parte do usuário sobre o uso. O consumo se torna uma compulsão e é possível notar os problemas reais de saúde envolvidos no vício.
A vida do usuário passa girar em torno da droga, pois afinal, não é mais uma questão de desejo de consumir a substância, mas, sim, uma incapacidade de não a consumir.
A dependência química é uma doença crônica e possui muitos fatores, significando que sua causa deve ser estudada por um terapeuta qualificado
A dependência química é muito mais comum do que as pessoas imaginam. Ela é numerosas vezes citadas na TV, embora noticiada como caso de segurança pública. E a dependência química não é defeito de caráter e sim uma doença como alertam os médicos e psicólogos.
Com a dependência também se percebe uma tolerância maior aos efeitos da substância, precisando assim de quantidades maiores para obter o efeito desejado.
3. 7 fatos sobre dependência química que você precisa saber
Existem diferenças evidentes entre os vários tipos de drogas e as suas consequências no organismo humano. Vamos listar 7 informações importantes para compreender melhor as características da dependência química.
1º Fato: como a dependência química afeta a pessoa
A dependência química é uma doença que possui diversas origens que vão desde fatores que implicam na quantidade e constância da droga, fatores genéticos, saúde da pessoa e condições psicossociais.
Como vimos a pessoa pode perder o controle do consumo da substância. E isso afeta todos os aspectos da vida do usuário, no âmbito mental, emocional e físico. A dependência química deve ser encarada como ela é: uma doença. E precisa do tratamento adequado.
2º Fato: existem fatores de risco
Hoje as drogas estão sendo consumidas cada vez mais. A primeira instância, usar substâncias químicas é sinônimo de felicidade e prazer. Buscar o prazer sempre foi a meta da humanidade na história.
Mas não é apenas o prazer que compele o indivíduo ao uso e abuso de substâncias. Problemas emocionais, sociais e mentais são os maiores fatores de risco.
Por isso, o tratamento completo muitas vezes envolve a terapia, para tratar os transtornos que levam ao uso de drogas e são agravados por ela. Também é preciso tratar toda a questão social destas pessoas.
É muito importante agir sem preconceito. Qualquer pessoa pode acabar desenvolvendo dependência e isso não deve ser tratado como motivo de vergonha ou falha moral.
Um dependente químico possui uma doença crônica e necessitará de apoio dos familiares e amigos para conseguir superar seu problema e poder ter uma vida normal.
3º Fato: não há exclusividade entre drogas lícitas e ilícitas
O álcool e o fumo, por exemplo, são drogas lícitas, de acesso fácil e do comércio comum. Ambas são consideradas de alto risco de dependência, tendo em seus ingredientes elementos tóxicos.
Seguido destes, temos as anfetaminas e alguns tipos de esteroides que são adquiridos por prescrição ou vendidos livremente em farmácias.
Em menor grau, mas não menos importante, temos o consumo produtos populares como café, refrigerante, doces etc. Eles podem não ter o mesmo grau de dependência, mas seu abuso pode causar problemas de saúde.
4ª Fato: influências internas e externas
Há fatores biológicos, de origem genética que aumentam o risco de dependência.
Além disso, o uso durante a gestação, ambientes familiares onde há dependentes químicos, riscos de saúde mental e psicológicos, falta de conhecimento sobre como lidar com influências externas à família, aumentam a chance de a pessoa vir a desenvolver uma dependência, entre outras.
Pessoas que possuem distúrbios emocionais e psicológicos, como por exemplo, depressão e ansiedade, também tem mais predisposição ao abuso de substâncias psicoativas.
5º Fato: sintomas da dependência
Cada substância apresenta sintomas de dependência bem específicos. No entanto, alguns podem ser bem comuns a todas elas, o que ajuda a identificar o problema. Confira.
- Forte desejo para consumir a substância;
- Dificuldades em controlar o comportamento de consumo;
- Estado de abstinência fisiológica ao cessar o uso;
- Abandono progressivo de interesses em favor do uso da substância;
- Persistência no uso da substância, mesmo sabendo que a mesma é nociva;
Quando o indivíduo inicia um tratamento, os sintomas de abstinência podem causar perturbações e alterações comportamentais sérias. Porém, a abstinência é passageira. O apoio de um psicólogo para este período é fundamental.
6º Fato: reconhecer que é uma doença
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Reconhecer o problema é um grande passo dado. Entender como funciona o controle dos desejos involuntários, dos pensamentos e emoções mediante a dependência é restabelecer um primeiro tratamento de consciência.
Mas para isso, a pessoa necessitará buscar pessoas próximas em que possa construir relações de confiança. Assim, quanto mais informações e conhecimento sobre seu problema, maior será a chance de tratamento. Dependência química é uma doença e não indolência.
7º Fato: necessidade de buscar ajuda
Em geral, muito se discute sobre a possibilidade de a pessoa dependente conseguir livrar-se sozinha do vício. Segundo os psicólogos que trabalham e estudam sobre os mais diversos tipos de transtornos causados pelas substâncias químicas, este pode ser também um é um grande e terrível mito.
O vício é muito difícil de ser tratado. O papel do psicólogo neste tipo de tratamento é muito importante, já que poderá aprofundar questões mais complexas na sua vida. Ao achar que pode sair sozinho, muitas pessoas acabam aprofundando o problema.
4. Consequência da dependência química
É preciso entender que a dependência é uma doença e que o usuário, nesse momento, não tem controle sobre suas ações. Por isso, é comum que ele abandone sua rotina, seus amigos, familiares e lazeres que costumava gostar. Agora, tudo que importa é a droga e ele não consegue se desvincular do uso.
Alguns dos sintomas percebidos no dependente são: onipotência, megalomania, manipulação, ansiedade, apatia, autopiedade, tendência antissocial e paranoia.
O comportamento dos dependentes afeta todos que estão a seu redor, que passam também a sofrer com esse problema.
O convívio, em alguns casos, faz que familiares adoeçam emocionalmente, sendo necessário que o parente se trate e receba orientações de como lidar com o dependente e com os seus próprios sentimentos em relação à situação.
5. Como a psicologia auxilia no tratamento para dependentes químicos
Em primeiro lugar, a dependência química é considerada uma doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A dependência está envolvida por tabus sociais, o que prejudica a realização do seu diagnóstico e consequentemente, seu tratamento. A maioria dos usuários são apontados e estigmatizados como sujeitos criminosos, agravando ainda mais o seu problema.
As pessoas usam drogas por diversas razões que vão desde transformar algo em seu interior, adaptações culturais de uma sociedade, buscar fugir de algum problema, resistir a determinadas formas de relação, experimentação etc.
Como Escolher seu Psicólogo
Nesse guia completo você vai conhecer tudo sobre psicólogos e psicoterapia. A escolha do psicólogo certo para você envolve diversos fatores. Descubra aqui.
Os dependentes precisam reconhecer seu problema e buscar ajuda psicológica. Neste sentido, existem muitos tipos de tratamento e uma das mais populares são as internações em comunidades terapêuticas.
A internação voluntária é aquela em que o dependente está consciente e busca ajuda para sua recuperação. Por outro lado, temos a internação involuntária, ou seja, tratamento indicado para dependentes que não reconhecem a necessidade de internação e apresentam risco para si e para seus familiares.
A terapia psicológica é fundamental para o tratamento de recuperação de indivíduos dependentes. É ela que ajuda o indivíduo a alcançar a sua harmonia e restaurar sua autoestima.
Apesar de complicado e demorado, existe tratamento para a dependência. Ele consiste em parar o uso da substância, entrando em abstinência e se mantendo assim. Dependendo da situação e da vontade do paciente, o tratamento pode ser em clínicas, comunidades terapêuticas ou hospitais especializados.
Durante a recuperação, é preciso fazer a reabilitação e reaprendizagem de uma vida saudável, em que a droga não faça mais parte. Por isso, é preciso acontecer uma mudança na forma como o paciente percebe-se no mundo, ou seja, no seu autoconhecimento.
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Psicóloga Thaiana