Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Katia Cristina Brito - Psicólogo CRP 06/112126
A dependência de qualquer substância psicoativa, ou seja, que altere os comportamentos, é chamada de dependência química.
Ela pode se referir a álcool, maconha, cocaína, medicamentos e calmantes, e é considerada como um transtorno mental resultante da utilização constante das drogas.
Algumas vezes, os dependentes químicos são vistos pela sociedade como pessoas que não possuem força de vontade, fracas e que deveriam simplesmente abandonar o vício.
No entanto, é preciso entender que a dependência química faz com que o usuário das substâncias perca o controle do uso delas e, como consequência, perca também aos poucos seus controles emocionais, físicos e psíquicos. Por isso, ao chegar nessa situação, é preciso buscar ajuda.
Sumário
- O que é a dependência química?
- Uso, abuso e dependência
- 7 fatos sobre dependência química que você precisa saber
- Consequência da dependência química
- Como a psicologia auxilia no tratamento para dependentes químicos
1. O que é a dependência química?
A dependência química foi demarcada e catalogada na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) da seguinte forma:
“Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se manifestam após o uso recorrente de certa substância. De acordo com o CID, o código para a dependência química é o F19 sob o registro “Transtornos Mentais e Comportamentais Devido ao Uso de Múltiplas Drogas e ao Abuso de Substâncias Psicoativas”.
De acordo com os dados da ONU, cerca de 240 milhões de pessoas são usuárias de algum tipo de droga que causa dependência. A dependência química ocorre quando a pessoa se torna incapaz de resistir à vontade do uso de substâncias.
É importante assinalar que existem muitos níveis de dependência química. A famosa e inocente cervejinha no final do dia pode ser um tipo de dependência. Ou seja, ela não é exclusividade dos indivíduos que são capazes de cometer determinadas transgressões para obtenção da droga.
2. Uso, abuso e dependência
Para entender a diferença entre o uso, abuso e dependência das substâncias químicas, é preciso saber que isso se trata de um ciclo, uma evolução progressiva.
Porém, apesar de frequente, não é possível dizer que uma etapa sempre acarretará em outra. Em alguns casos, isso não acontece.
A evolução para cada uma das etapas de interação com a droga ocorre quando o uso delas se torna mais frequente. Além disso, o uso precoce de substâncias psicoativas tende a provocar problemas mais graves ao usuário no futuro.
2.1 Uso
O uso se caracteriza como a autoadministração de qualquer tipo de droga, podendo ser rotineiro ou não. É o caso da situação em que as pessoas têm seu primeiro contato com a droga, na conhecida “experimentação”.
Nessa etapa, elas ainda não são prejudicadas pelo uso e conseguem abandonar o consumo por iniciativa própria, caso queiram.
2.2 Abuso
Nessa etapa, o usuário já está em um padrão de consumo que aumenta o risco dos problemas e consequências relativos à substância usada. Segundo a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na fase do “abuso” já é possível perceber consequências sociais do consumo da droga.
2.3 Dependência
Nessa etapa, já não existe mais controle nenhum por parte do usuário sobre o uso. O consumo se torna uma compulsão e é possível notar os problemas reais de saúde envolvidos no vício.
A vida do usuário passa girar em torno da droga, pois afinal, não é mais uma questão de desejo de consumir a substância, mas, sim, uma incapacidade de não a consumir.
A dependência química é uma doença crônica e possui muitos fatores, significando que sua causa deve ser estudada por um terapeuta qualificado
A dependência química é muito mais comum do que as pessoas imaginam. Ela é numerosas vezes citadas na TV, embora noticiada como caso de segurança pública. E a dependência química não é defeito de caráter e sim uma doença como alertam os médicos e psicólogos.
Com a dependência também se percebe uma tolerância maior aos efeitos da substância, precisando assim de quantidades maiores para obter o efeito desejado.
3. 7 fatos sobre dependência química que você precisa saber
Existem diferenças evidentes entre os vários tipos de drogas e as suas consequências no organismo humano. Vamos listar 7 informações importantes para compreender melhor as características da dependência química.
1º Fato: como a dependência química afeta a pessoa
A dependência química é uma doença que possui diversas origens que vão desde fatores que implicam na quantidade e constância da droga, fatores genéticos, saúde da pessoa e condições psicossociais.
Como vimos a pessoa pode perder o controle do consumo da substância. E isso afeta todos os aspectos da vida do usuário, no âmbito mental, emocional e físico. A dependência química deve ser encarada como ela é: uma doença. E precisa do tratamento adequado.
2º Fato: existem fatores de risco
Hoje as drogas estão sendo consumidas cada vez mais. A primeira instância, usar substâncias químicas é sinônimo de felicidade e prazer. Buscar o prazer sempre foi a meta da humanidade na história.
Mas não é apenas o prazer que compele o indivíduo ao uso e abuso de substâncias. Problemas emocionais, sociais e mentais são os maiores fatores de risco.
Por isso, o tratamento completo muitas vezes envolve a terapia, para tratar os transtornos que levam ao uso de drogas e são agravados por ela. Também é preciso tratar toda a questão social destas pessoas.
É muito importante agir sem preconceito. Qualquer pessoa pode acabar desenvolvendo dependência e isso não deve ser tratado como motivo de vergonha ou falha moral.
Um dependente químico possui uma doença crônica e necessitará de apoio dos familiares e amigos para conseguir superar seu problema e poder ter uma vida normal.
3º Fato: não há exclusividade entre drogas lícitas e ilícitas
O álcool e o fumo, por exemplo, são drogas lícitas, de acesso fácil e do comércio comum. Ambas são consideradas de alto risco de dependência, tendo em seus ingredientes elementos tóxicos.
Seguido destes, temos as anfetaminas e alguns tipos de esteroides que são adquiridos por prescrição ou vendidos livremente em farmácias.
Em menor grau, mas não menos importante, temos o consumo produtos populares como café, refrigerante, doces etc. Eles podem não ter o mesmo grau de dependência, mas seu abuso pode causar problemas de saúde.
4ª Fato: influências internas e externas
Há fatores biológicos, de origem genética que aumentam o risco de dependência.
Além disso, o uso durante a gestação, ambientes familiares onde há dependentes químicos, riscos de saúde mental e psicológicos, falta de conhecimento sobre como lidar com influências externas à família, aumentam a chance de a pessoa vir a desenvolver uma dependência, entre outras.
Pessoas que possuem distúrbios emocionais e psicológicos, como por exemplo, depressão e ansiedade, também tem mais predisposição ao abuso de substâncias psicoativas.
5º Fato: sintomas da dependência
Cada substância apresenta sintomas de dependência bem específicos. No entanto, alguns podem ser bem comuns a todas elas, o que ajuda a identificar o problema. Confira.
- Forte
desejo para consumir a substância; - Dificuldades
em controlar o comportamento de consumo; - Estado
de abstinência fisiológica ao cessar o uso; - Abandono
progressivo de interesses em favor do uso da substância; - Persistência
no uso da substância, mesmo sabendo que a mesma é nociva;
Quando o indivíduo inicia um tratamento, os sintomas de abstinência podem causar perturbações e alterações comportamentais sérias. Porém, a abstinência é passageira. O apoio de um psicólogo para este período é fundamental.
6º Fato: reconhecer que é uma doença
Reconhecer o problema é um grande passo dado. Entender como funciona o controle dos desejos involuntários, dos pensamentos e emoções mediante a dependência é restabelecer um primeiro tratamento de consciência.
Mas para isso, a pessoa necessitará buscar pessoas próximas em que possa construir relações de confiança. Assim, quanto mais informações e conhecimento sobre seu problema, maior será a chance de tratamento. Dependência química é uma doença e não indolência.
7º Fato: necessidade de buscar ajuda
Em geral, muito se discute sobre a possibilidade de a pessoa dependente conseguir livrar-se sozinha do vício. Segundo os psicólogos que trabalham e estudam sobre os mais diversos tipos de transtornos causados pelas substâncias químicas, este pode ser também um é um grande e terrível mito.
O vício é muito difícil de ser tratado. O papel do psicólogo neste tipo de tratamento é muito importante, já que poderá aprofundar questões mais complexas na sua vida. Ao achar que pode sair sozinho, muitas pessoas acabam aprofundando o problema.
4. Consequência da dependência química
É preciso entender que a dependência é uma doença e que o usuário, nesse momento, não tem controle sobre suas ações. Por isso, é comum que ele abandone sua rotina, seus amigos, familiares e lazeres que costumava gostar. Agora, tudo que importa é a droga e ele não consegue se desvincular do uso.
Alguns dos sintomas percebidos no dependente são: onipotência, megalomania, manipulação, ansiedade, apatia, autopiedade, tendência antissocial e paranoia.
O comportamento dos dependentes afeta todos que estão a seu redor, que passam também a sofrer com esse problema.
O convívio, em alguns casos, faz que familiares adoeçam emocionalmente, sendo necessário que o parente se trate e receba orientações de como lidar com o dependente e com os seus próprios sentimentos em relação à situação.
5. Como a psicologia auxilia no tratamento para dependentes químicos
Em primeiro lugar, a dependência química é considerada uma doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A dependência está envolvida por tabus sociais, o que prejudica a realização do seu diagnóstico e consequentemente, seu tratamento. A maioria dos usuários são apontados e estigmatizados como sujeitos criminosos, agravando ainda mais o seu problema.
As pessoas usam drogas por diversas razões que vão desde transformar algo em seu interior, adaptações culturais de uma sociedade, buscar fugir de algum problema, resistir a determinadas formas de relação, experimentação etc.
Os dependentes precisam reconhecer seu problema e buscar ajuda psicológica. Neste sentido, existem muitos tipos de tratamento e uma das mais populares são as internações em comunidades terapêuticas.
A internação voluntária é aquela em que o dependente está consciente e busca ajuda para sua recuperação. Por outro lado, temos a internação involuntária, ou seja, tratamento indicado para dependentes que não reconhecem a necessidade de internação e apresentam risco para si e para seus familiares.
A terapia psicológica é fundamental para o tratamento de recuperação de indivíduos dependentes. É ela que ajuda o indivíduo a alcançar a sua harmonia e restaurar sua autoestima.
Apesar de complicado e demorado, existe tratamento para a dependência. Ele consiste em parar o uso da substância, entrando em abstinência e se mantendo assim. Dependendo da situação e da vontade do paciente, o tratamento pode ser em clínicas, comunidades terapêuticas ou hospitais especializados.
Durante a recuperação, é preciso fazer a reabilitação e reaprendizagem de uma vida saudável, em que a droga não faça mais parte. Por isso, é preciso acontecer uma mudança na forma como o paciente percebe-se no mundo, ou seja, no seu autoconhecimento.
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Autor: psicologa Katia Cristina Brito - CRP 06/112126Formação: A psicóloga Katia é graduada há 15 anos, é especialista na abordagem psicanalítica e conta com diversos cursos de extensão para a contribuição do desenvolvimento humano. Utiliza-se da psicologia como ciência – com enfoque psicanalítico – e mecanismo facilitador para alcançar objetivos e metas...
Excelente esse artigo! Gostaria de referencia-lo num artigo, como faço?
Olá, Maria! Tudo bem?
Obrigada pelo feedback. Fique à vontade para referenciá-lo. Você pode usar somente o nome ou, se preferir, fazer um link para o artigo.
Abraços!
Olá gostei muito do seu artigo, conteudo esclarecedor vou
compartilhar, qualquer coisa estou a disposição
Olá!
Obrigada pelo seu comentário. Fico contente que você tenha gostado do conteúdo!
Abraços,
Psicóloga Thaiana
Excelente artigo, muito esclarecedor, que nos ajuda no convívio com pessoas dependentes químicos, obrigada
Olá! Obrigada pelo seu comentário. Ficamos contentes que tenha gostado do conteúdo.
Muito boa essas informaçoes. Também quero escrever sobre a importancia do apoio psicologico para os reeducandos das CTs; bem como para a familia. Você tem outros artigos publicados a respeito?
Grata
Celi Alves.
Olá, fico feliz que gostou do artigo, infelizmente não tenho outros. Abraços
Oi boa noite meu esposo è dependente químico e álcool nossa a difícil lidar com pessoas assim eu realmente estou tentando aprender e ele não admite questão doente
Olá, compreendo como se sente e infelizmente ele só conseguirá ser ajudado quando aceitar sua situação atual, porém você pode buscar ajuda de como lidar com companheiro que é dependente químico, através de grupos ou mesmo terapia. Abraços
Gostei da forma que o tema foi enxerido um conteúdo muito bom. Sou dependente químico em recuperação, já estou um tempo sem usar, o meu vício é o álcool.
Olá! Ficamos contentes que tenha gostado do conteúdo!