Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Kamilla Giacomassi - Psicólogo CRP 06/84766
A bipolaridade, ou transtorno bipolar, é popularmente conhecida por sintomas que expressam euforia e tristeza extremas. De fato, pessoas que sofrem dessa condição passam por episódios depressivos e maníacos, os quais podem durar várias semanas.
Segundo o DSM-V, existem dois tipos de bipolaridade, um constituído pelas fases maníaca, depressiva e hipomaníaca e outro que corresponde apenas às fases hipomaníaca e depressiva. A Associação Brasileiro de Transtorno Bipolar (ABTB) estima que cerca de 15 milhões de brasileiros convivam com essa condição.
Muitas deles não possuem consciência disso. Acreditam que são “assim e pronto”, não há o que fazer para mudar traços que desgostam em si mesmos ou para ter uma experiência de vida mais agradável e pacata. Por essa razão, alguns indivíduos chegam a receber um diagnóstico somente após 10 anos, de acordo com a ABTB.
Embora não haja cura, existe tratamento para a bipolaridade! É importante que ele seja iniciado assim que possível para que o indivíduo bipolar tenha uma boa qualidade de vida.
Quais os sintomas de bipolaridade?
Os sintomas da bipolaridade podem ser divididos em duas categorias: os sintomas da fase maníaca e da fase depressiva. Embora os sintomas sejam estáticos, cada pessoa vivencia a bipolaridade de maneira única uma vez que cada indivíduo possui as suas próprias questões pessoais e personalidades.
1. Episódios Maníacos
Os episódios maníacos são marcados por uma intensa euforia, aumento de energia, impulsividade, elevação da libido sexual e alteração do sono. Esses sintomas fazem com que a pessoa tenha dificuldade para controlar as suas ações, pensamentos e palavras. Devido à intensidade das emoções negativas, ela pode tomar decisões precipitadas, se colocar em situações de risco e até passar dias sem dormir.
Também é comum que a pessoa recorra desenfreadamente a festas, jogatina, compras e sexo sem ter consciência das consequências dos seus atos. Por se sentir extremamente confiante e acreditar que nada pode detê-la, ela pode se colocar em uma situação desagradável em decorrência das suas atitudes.
Os sintomas físicos envolvem batimentos cardíacos, agitação psicomotora, falta de atenção, tremedeira e padrão de fala acelerados. Isto é, a fala pode ser rápida, alta e difícil de interromper. Muitas vezes, a pessoa não se lembra do que falou durante um episódio maníaco.
2. Episódios Hipomaníacos
Um período de humor anormal em que a pessoa também apresenta autoestima elevada, redução da necessidade do sono, desatenção e pensamentos desconexos, além de inquietação e coração acelerado. Os sintomas perduram por um longo período, como várias semanas consecutivas.
Eles são semelhantes aos sintomas da fase maníaca, mas possuem uma intensidade menor. Assim, os sintomas não costumam causar grandes prejuízos na vida diária do indivíduo ou provocam necessidade de hospitalização.
3. Episódios Depressivos
Os episódios depressivos são o oposto da bipolaridade. A pessoa é tomada por uma intensa desesperança e desinteresse pela vida, os quais causam perda de vontade de praticar atividades antes consideradas prazerosas e dificuldade para concluir afazeres diários. Ela pode não ter mais interesse em sair da cama de manhã para trabalhar, tomar banho, limpar a casa e/ou se alimentar.
Outros sintomas são insônia e letargia. O indivíduo pode sentir vontade de dormir, mas não conseguir pegar no sono e passar noites em claro. Sendo assim, no dia seguinte, ele não possui energia o suficiente para lidar com as pessoas e situações do cotidiano.
Os sentimentos de inutilidade e culpa também são constantes. Pensamentos desesperançosos sobre o futuro e a qualidade da vida diária podem começar a passar pela cabeça da pessoa depressiva. Ela pode começar a questionar se alguém gosta dela de verdade e se colocar em uma posição de vítima.
Como a bipolaridade afeta o dia a dia?
Os sintomas mencionados anteriormente podem interferir significativamente na vida da pessoa bipolar. A perturbação constante do humor costuma causar problemas na vida profissional, afetiva e familiar. Fazer uma coisa considerada simples para muitos pode ser complicado para ela.
Ela precisa se esforçar frequentemente para encontrar o equilíbrio emocional. E isso pode facilmente desencadear exaustão mental e psicológica. A pessoa vive em alerta, consciente da bipolaridade e da necessidade de “agir normalmente”. É compreensível que esse esforço cause cansaço e sentimentos de inadequação. Por que ela precisa se esforçar para “ser normal” e os outros não?
Pessoas com bipolaridade tendem a ser mais suscetíveis a bebidas alcoólicas, automutilação e compulsões diversas. Sem perceber, elas prejudicam a sua saúde física e podem sofrer com graves consequências, como vícios, obesidade e hipertensão. No caso da compulsão por compras e jogos de azar, podem se endividar a ponto de perderem bens materiais.
Estudar e trabalhar pode se tornar desafiador devido à mesmice desses ambientes, além das oscilações de humor e impulsividade. As outras pessoas não conseguem decifrar as intenções e as emoções dela e, por isso, acabam se afastando ou taxando-a de “louca” ou “descontrolada”.
A pessoa bipolar pode mudar de emprego e de curso de graduação várias vezes até sentir que encontrou algo bacana, ou optar por algo simplesmente porque precisa fazer. Assim, não desfruta de nenhuma satisfação.
No caso dos relacionamentos afetivos, a dificuldade em compreender os sintomas, tanto do parceiro quanto da própria pessoa bipolar, pode provocar brigas e situações desagradáveis. Dessa maneira, pode ser difícil manter relacionamentos sérios ou iniciar relações afetivas saudáveis.
Por fim, o relacionamento com si mesmo pode oscilar. Estabelecer um senso de identidade costuma ser custoso, e é normal a pessoa com bipolaridade passar muitos anos sem compreender de fato a sua personalidade e vontades. Essa incompreensão gera frustração, ansiedade e insatisfação.
Quando procurar tratamento para bipolaridade?
O tratamento para a bipolaridade pode ser procurado assim que a pessoa bipolar ou seus familiares acreditarem que os seus sintomas estão afetando a sua qualidade de vida.
Na grande maioria das vezes, as pessoas não sabem que possuem bipolaridade e acabam aceitando que são mais “complicadas” que as demais. Os sintomas são interpretados como traços de personalidade e quaisquer problemas decorrentes deles são vistos como atestado de fracasso, inutilidade e inadequação.
Neste cenário, a pessoa costuma procurar tratamento quando é alertada por entes queridos ou quando não aguenta mais viver do jeito que está. Ela pode buscar um psicólogo ou psiquiatra para buscar uma explicação para o seu comportamento “atípico”. E, assim, a bipolaridade é descoberta.
É comum que pessoas também comecem a buscar por relatos semelhantes na internet ou a escrever as suas próprias experiências em um blog ou rede social. Outros indivíduos com transtorno bipolar encontram o seu conteúdo e começam a compartilhar as suas experiências. Dessa maneira, elas descobrem que existe um nome para as suas oscilações de humor e dificuldades diárias.
O conselho dos psicólogos é sempre buscar ajuda psicológica e/ou psiquiátrica quando questões emocionais ou psicológicas estiverem afetando negativamente a qualidade da vida diária.
Se você acredita que possui dificuldade para se relacionar com os outros, sempre encontra problemas no trabalho, sente uma desconexão de suas emoções e não vê razão para continuar, procure um psicólogo! Existe tratamento para a bipolaridade e estratégias de fácil aplicação que tornam as vivências cotidianas mais aprazíveis.
Tratamento para a bipolaridade
O tratamento para bipolaridade consiste em psicoterapia e medicamentos psiquiátricos. O médico psiquiatra é o responsável por prescrever remédios que ajudem no controle do humor. Há muitos relatos de automedicação entre pessoas bipolares e essa prática deve ser evitada a todo custo, pois causa muitos prejuízos a saúde e agrava os sintomas.
A abordagem psicológica considerada mais efetiva para a bipolaridade é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Possui como objetivo diminuir as consequências psicossociais causadas pelo transtorno bipolar e controlar os fatores de risco envolvidos nos episódios maníaco e depressivo.
Terapia para bipolaridade
Na terapia voltada à bipolaridade, o paciente aprende a lidar com as suas oscilações de humor ao fazer uso de estratégias de controle emocional, como respiração profunda, visualização e diálogo interno positivo. Além de administrar melhor os seus estados de humor, o paciente aprende a combater pensamentos que perturbam seu bem-estar emocional, bem como a ansiedade.
A mudança de hábitos é igualmente importante. O paciente é aconselhado a praticar atividades físicas, como corrida, yoga ou natação, para liberar hormônios que promovem uma sensação de bem-estar e felicidade. Também costuma ser recomendado a procurar cursos interessantes e atividades enriquecedores para diversificar as experiências gratificantes.
A terapia para bipolaridade também ajuda o paciente a aceitar que possui uma condição de saúde mental crônica, administrar as consequências emocionais dos episódios de mania e depressão e, ainda, a não se deixar levar pelo estigma acerca da bipolaridade.
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Autor: psicologa Kamilla Giacomassi - CRP 06/84766Formação: A psicóloga Kamilla Giacomassi é formada Universidade Presbiteriana e possui uma especialização em andamento em Psicanálise pela AEP. Atua em demanda como síndrome do pânico, TDAH (Transtorno de Déficit e Atenção e Hiperatividade), fobias, lutos, entre outras...