Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Rosangela Silva Santos - Psicólogo CRP 06/155562
A saúde mental ganhou muito destaque nos últimos anos tanto na mídia quanto nas conversas casuais. A pandemia de coronavírus, sobretudo, levou muitas pessoas a questionarem os fatores necessários para cuidar da saúde mental.
O que fazer para viver bem consigo mesmo? É preciso ter momentos de lazer, trabalho satisfatório, bons relacionamentos, passar tempo com a família e objetivos de vida?
Muito se fala em prevenção e opções de tratamento para as condições de saúde mental mais comuns, incentivando as pessoas a buscarem ajuda de psicólogos. Entretanto, em meio à tanta conversa positiva sobre saúde mental, o preconceito resiste.
Preconceito e saúde mental: de onde vem?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que mais de 18 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade, colocando o país em posição de destaque no ranking de nações ansiosas. Os números de casos de depressão também são altos, com mais de 12 milhões de pessoas deprimidas no Brasil.
Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) também compõem um panorama preocupante. Pesquisas evidenciam que 30% da população das Américas teve ou terá alguma condição de saúde mental.
A reincidência dessas condições é, então, elevada no país. Ainda assim, o preconceito na saúde mental persiste em nossa sociedade, contribuindo para o afastamento das pessoas da terapia e outros tipos de tratamento.
O preconceito pode ser descrito como a manifestação de repúdio ou hostilidade em consequência de juízos pré-concebidos acerca de indivíduos, pensamentos e comportamentos. Ou seja, ele nasce de generalizações e estereótipos que não costumam reter a realidade.
Muitas pessoas desconhecem a profundidade das características da ansiedade e depressão. É por isso que, quando recebem uma informação incondizente com a realidade, como “depressão é preguiça” ou “ansiedade não existe”, costumam acreditar nela.
Essas concepções equivocadas fazem com que elas reajam com estranheza às condições de saúde mental e, consequentemente, aos indivíduos que as possuem. Assim, pessoas com depressão, ansiedade, bipolaridade, síndrome do pânico, transtornos de personalidade, distúrbios alimentares e outros sofrem com a sua discriminação.
O problema do preconceito para a saúde mental
O preconceito na saúde mental é um problema que precisa ser vencido para que o sofrimento psicológico de quem possui condições de saúde mental seja cessado ou minimizado.
Além de haver uma discriminação contra esses indivíduos, também há preconceito contra a terapia e os medicamentos psiquiátricos. Na visão de quem desconhece o funcionamento desses tipos de tratamento, eles são ineficazes, ou servem somente para pessoas “loucas” ou “problemáticas”.
1. Antes do diagnóstico
A estigmatização de condições que afetam o psicológico impede que pessoas que precisam de ajuda psicológica tenham acesso a ela.
Elas não querem ser vistas como “loucas”, “fracas” ou “desequilibradas”, como popularmente se costuma dizer quando alguém tem uma atitude fora do convencional, então fogem de qualquer tipo de ajuda.
A vergonha e medo do julgamento de familiares, amigos e colegas de trabalho conduzem indivíduos a uma vida conflituosa e pouco satisfatória. Eles se frustram por não conseguirem ser “normais” como os outros e temem ou desprezam a si mesmos por não conseguirem administrar seus sintomas.
A falta de aceitação dos próprios sintomas também previne que as pessoas recebam um diagnóstico em tempo hábil, ou sequer recebam um diagnóstico.
Quem não entende bem como a psicoterapia funciona e desconfia da gravidade das condições que afetam a mente nega ter sintomas mesmo quando sofre com eles.
É comum que pacientes com as posturas mencionadas cheguem aos consultórios dos psicólogos com sintomas graves e apresentem problemas em uma ou várias esferas de suas vidas. Quando não tratadas, as condições de saúde mental afetam o relacionamento, carreira, amizades, autoestima e relações familiares.
2. Depois do diagnóstico
O preconceito na saúde mental também afeta quem já possui um diagnóstico.
Quando familiares e amigos não compreendem o comportamento da pessoa com depressão, por exemplo, podem fazer brincadeiras de mau-gosto ou agirem com descaso quando ela está cansada, apática ou triste.
Comentários do tipo “isso é frescura”, “você é muito mole” e “é depressão ou preguiça?” machucam a autoestima de quem é depressivo. Dessa forma, podem dificultar o seu avanço no tratamento psicológico.
A discriminação em casa, inclusive, pode tornar a terapia mais custosa para o paciente. O indivíduo pode concluir que é um estorvo, “louco” ou “estranho” por sua condição de saúde mental não ser levada à sério pela família. Por conseguinte, ele demora para se desvencilhar da autoimagem negativa e focar em si mesmo.
O preconceito no ambiente de trabalho, na escola ou dentro da relação afetiva geram conflitos semelhantes para o paciente. As pessoas podem atribuir seus erros e dias ruins (pelos quais todo mundo passa) à depressão, ansiedade ou pânico, reduzindo a sua individualidade à sua condição de saúde.
Como combater o preconceito na minha vida?
Se você convive com pessoas que não compreendem as nuances de condições de saúde mental e a importância da terapia e outras formas de tratamento psicológico, separamos algumas dicas para ajudá-lo a tornar essa convivência mais agradável.
Essas pessoas podem ser familiares, amigos, colegas de trabalho, chefes, conhecidos, cônjuges e, basicamente, qualquer indivíduo com quem você têm interações com frequência.
A postura dessas pessoas em relação a você, a terapia ou aos cuidados com a saúde mental como um todo pode magoar. Entretanto, não se deixe levar pelo ressentimento ou frustração.
Compreenda que as opiniões de terceiros, por mais significativas que você acredite que elas sejam para sua vida, não se comparam com a sua opinião sobre si mesmo. Então, mantenha o foco em você!
1. Tente educá-los sobre a sua experiência
Você pode tentar educar as pessoas em sua vida sobre o que você sente e pensa, as suas preocupações e o modo como administra a sua condição. Você pode sugerir um livro, blog, vídeo ou qualquer tipo de mídia para que eles entendam mais sobre a parte didática. Assim, o foco da conversa fica somente em sua experiência.
Tenha em mente, no entanto, que essa conversa pode não trazer os resultados esperados. Não se sinta mal se você não for compreendido da forma desejada. Todo mundo precisa de um tempo para assimilar conceitos até então desconhecidos.
2. Convide-os para conversar com seu psicólogo
O psicólogo pode fazer uma sessão de psicoeducação para familiares e cônjuge a pedido do paciente. Esta é uma forma de transmitir a informação de uma maneira simples e direta, e imediatamente esclarecer dúvidas. Além disso, o psicólogo é um profissional experiente em conduzir e mediar conversas sérias.
3. Diga a eles como você se sente
Em casa ou na terapia em conjunto, explique como as piadas, comentários e comportamentos impróprios o deixam desconfortável. Deixe claro como você não gosta desse tipo de conduta e peça para que eles deixem de tê-las na sua presença. Desse modo, você mostra aos outros que tipo de tratamento considera aceitável ou não.
4. Tente ser empático
Para tentar compreender o modo como as pessoas com que você convive pensam, as questione sobre o porquê de agirem assim ou de terem essa opinião. Você pode sentir uma certa relutância em fazer isso. Afinal, por que justo você precisa ter empatia com quem não tem com você?
Na verdade, entender o comportamento delas é benéfico para você! Quando entendemos a história, crenças e intenções dos outros, conseguimos fazer julgamentos mais coerentes com a realidade sobre quem eles são.
Como compreendemos que o comportamento alheio possui raízes mais profundas do que um possível desgosto ou implicância conosco, fica mais fácil manejar o que sentimos sobre comportamentos e falas consideradas inapropriadas. Assim, deixamos de nos importar com o que os outros pensam de nós.
Conclusão
Buscar ajuda psicológica é um ato de amor-próprio. É buscar uma maneira mais adequada e agradável de viver a vida, conforme os seus desejos, ambições e necessidades. É conhecer mais sobre si mesmo para navegar pela vida com menos estresse, frustração e decepção.
Sendo assim, ninguém deveria se sentir menosprezado por precisar e querer consultar um psicólogo e/ou psiquiatra.
Esses profissionais da saúde têm o objetivo de ajudar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas, superando medos, preocupações, inseguranças e conflitos que afetam negativamente a sua saúde.
O medo dos julgamentos e a vergonha para aceitar a sua condição de saúde vão na direção contrária a essa intenção. Eles intensificam o sofrimento no dia a dia, colaboram para o agravamento dos sintomas ao longo do tempo e, em certos casos, podem estimular o aparecimento de doenças físicas.
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Cara Doutora Thaiana!
Muito obrigado por esta Aula tão fecunda! De fato, notadamente, em nosso país, grassa o preconceito. Este é o responsável pelo agravamento ou a cronicação de um problema, de saúde ou de outra área, para o qual há solução cristalizada.
Quando o caso é de ordem psicológica ou psiquiatra o preconceito fala bem alto e forte. Isto em função da ignorância (i=não; “gnorância”= conhecimento) de grande parte das pessoas a respeito de os procedimentos de os profissionais destas áreas.
Assim, é muito comum ouvir de pessoas que realmente precisam fazer um tratamento psicológico e/ou psiquiátrico, absurdamente, que não estão malucas, não. Por isto não procurarão tais profissionais. Desta postura ignorante resulta o agravamento de os problemas que enfrentam, irreversibilidade deles ou até suicídios ou homicídios.
Entretanto, este prognóstico, não vale para todos. Há pessoas cônscias de que, realmente, precisam ser tratadas pelos profissionais referidos, querem fazê-lo, mas são obstadas por fatores financeiros.
Não se diga que o Estado disponibiliza psicólogos e psiquiatras em hospitais públicos ou em instituições assemelhadas. Tal disponibilização é “para inglês ver”. Para dizer o mínimo, nestes locais, o número de tais profissionais é ínfimo, a remuneração que se lhes paga é, em alguns casos, aviltante para a competência que têm.
Diante disto, instala-se um faz de conta: o Estado finge que disponibiliza tais profissionais para a população e eles fingem que prestam um serviço competente. Infelizmente, esta é a realidade que abarca médicos, psicólogos, psiquiatras, professores etc. que funcionam nos órgãos públicos.
Enfim, o cidadão ou paga pelo competente serviço de um psicólogo, para ficar só nesta área, ou suporta as mazelas consequentes de um problema psíquico. Nem sempre quem não constitui um psicólogo o faz por que cultua o preconceito de que não é maluco ou por que não quer remunerar tal profissional. De fato, há pessoas pobres.
Forte abraço,
Luís Monteiro.