Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Amanda Mendes Martins da Costa - Psicólogo CRP 06/155761
Os transtornos de personalidade em crianças, às vezes, podem ser difíceis de identificar, mas é possível ter algumas percepções a respeito.
Transtornos de personalidade não são condições exclusivas dos adultos. As crianças também podem apresentar comportamentos disruptivos.
Identificá-los, no entanto, tende a representar um desafio maior devido às particularidades naturais da infância.
O que são transtornos de personalidade?
Os transtornos de personalidade são condições que envolvem comportamentos disruptivos, impulsivos e considerados atípicos pela maioria das pessoas. Alguns exemplos de transtornos de personalidade são:
- Transtorno de personalidade borderline: caracterizado pela instabilidade emocional, impulsividade e medo do abandono. A pessoa com borderline tem aversão a possibilidade de ser rejeitada, por isso, recorre à manipulação emocional e comportamentos autodestrutivos para impedir que os seus medos se concretizem.
- Transtorno de personalidade antissocial: a principal característica desse transtorno é a falta de empatia. Por ser incapaz de se colocar no lugar do outro, indivíduos com essa condição podem ser manipuladores, desrespeitosos e mentirosos.
- Transtorno de personalidade narcisista: definido pela presença de sentimentos de grandiosidade e invencibilidade. O narcisista julga ser mais importante do que os demais, mas, ainda assim, precisa da constante validação dos outros para se sentir amado e idolatrado.
- Transtorno de personalidade histriônica: consiste em padrões de comportamento dramáticos e sedutores, além da busca perpétua por atenção. Pessoas com essa condição gostam de ser o centro das atenções.
- Transtorno de personalidade esquizotípica: caracterizado pela dificuldade de se relacionar, paranoia e pensamento mágico. A pessoa com essa condição cria justificativas fantásticas para explicar eventos do dia a dia.
- Transtorno de personalidade evitativa: assim como acontece na personalidade borderline, a pessoa com essa condição teme o abandono. A diferença é que ela prefere evitar situações sociais para não estabelecer laços. A baixa autoestima e a baixa tolerância ao estresse também são sintomas comuns.
Quando não tratados, esses transtornos interferem no funcionamento diário e no bem-estar dos indivíduos, causando sofrimento psíquico.
Em casos graves, firmar amizades, conseguir e/ou manter um emprego e cuidar das próprias necessidades básicas são desafios que podem perdurar por muitos anos.
Transtornos de personalidade em crianças
O diagnóstico de transtorno de personalidade em crianças é raro, uma vez que elas ainda se encontram no processo de desenvolvimento cognitivo e emocional.
Entretanto, uma pessoa que recebe o diagnóstico de um transtorno de personalidade na vida adulta pode já ter exibido comportamentos e características distintas na infância.
Como identificar transtornos de personalidade em crianças?
Um dos desafios dessa faixa etária é distinguir o que é um comportamento pertencente ao desenvolvimento infantil de um indício de uma condição de saúde mental.
Como o comportamento das crianças muda com rapidez enquanto elas estão crescendo, os pais geralmente têm dificuldade para identificar quando a criança precisa de ajuda.
Para prevenir que os sintomas de uma condição se agravem, é ideal que os pais levem os filhos a um profissional assim que a preocupação com o seu comportamento surgir.
Dessa maneira, o estado de saúde mental e físico dos pequenos podem ser avaliados de prontidão.
Em caso de diagnóstico, o tratamento já pode ser iniciado, promovendo o desenvolvimento saudável da criança e poupando-a de dificuldades oriundas do desconhecimento acerca dos sintomas da condição.
Alguns dos comportamentos que podem indicar a presença de problemas psicológicos ou emocionais em crianças são:
Isolamento social
Evitar interações sociais e atividades em grupo, demonstrando extremo desconforto e frustração nessas situações, é um sinal comum de problema emocional em crianças.
Então, o que diferencia essa conduta da timidez e introversão é o sofrimento emocional excessivo quando a criança não consegue escapar da socialização e a esquiva recorrente.
Dificuldade em estabelecer relacionamentos
Estabelecer relacionamentos significativos com colegas de turma, vizinhos e parentes tende a ser um desafio para crianças com transtornos de personalidade.
Mesmo que consigam estabelecer um vínculo, possuem dificuldade de mantê-lo.
Comportamentos antissociais
O comportamento antissocial envolve agressividade, desobediência, rebeldia e indiferença.
Falta de empatia
Indivíduos com transtorno de personalidade podem ter dificuldade em entender as emoções das outras pessoas.
As crianças também podem apresentar essa apatia, por exemplo.
Além disso, podem não apresentar preocupação com as consequências de seus atos, agindo por impulso ou propositalmente prejudicando outra pessoa.
Problemas de autocontrole
As crianças tendem a ser mais impulsivas que os adultos, por isso, o autocontrole desregulado pode passar despercebido pelos pais.
A dificuldade em controlar emoções também evidencia problemas de autocontrole.
Mudanças extremas de humor
Alterações de humor expressivas e repentinas são sintomas de vários transtornos de personalidade.
Algumas crianças, portanto, podem passar por muitas mudanças ao longo dos dias.
Psicólogo, psiquiatra ou pediatra: qual profissional levar a criança?
O psicólogo trabalha os problemas comportamentais da criança, ajudando-a reconhecer e gerenciar emoções, pensamentos e atitudes causadoras de sofrimento.
O processo psicoterapêutico infantil difere da psicoterapia para adultos.
Assim, a terapia infantil é feita com o auxílio de brinquedos, jogos e outras atividades lúdicas que incentivam a criança a relaxar na presença do profissional.
Do mesmo modo, as brincadeiras ajudam os pequenos a se expressarem.
Então, a criança extravasa os seus sentimentos de modo saudável e recria situações do dia a dia através do lúdico.
Já o médico psiquiatra prescreve medicamentos para conter os sintomas de condições de saúde mental.
Esses fármacos auxiliam o gerenciamento de condutas disfuncionais que impedem a criança de levar uma vida tranquila.
Entre o psicólogo e o psiquiatra, não existe um profissional melhor do que o outro. Existe somente o profissional mais adequado para o caso.
Ou seja, algumas crianças podem não precisar de medicamentos psiquiátricos, enquanto a junção da terapia e dos fármacos podem ajudar outras.
Então, os pais podem levar os filhos em qualquer um desses profissionais e perguntar se há a necessidade de visitar o outro.
Caso haja, uma recomendação normalmente é feita.
É importante destacar, no entanto, que a ingestão de medicamentos psiquiátricos por si só não é o suficiente para tratar a causa do problema, principalmente em casos de ansiedade, depressão, transtorno de personalidade, etc.
O médico pediatra também pode ser visitado para investigar a existência de uma doença física.
Não raro as patologias do corpo afetam o bem-estar emocional e, por vezes, podem até desencadear condições de saúde.
Como é feito o diagnóstico de transtornos de personalidade em crianças?
O diagnóstico de condições de saúde mental ou do neurodesenvolvimento nas crianças pode levar tempo.
Afinal, como muitas delas possuem sintomas semelhantes e as crianças têm dificuldade para expressar o que sentem, o profissional pode levar tempo para chegar a um diagnóstico exato.
Os relatos dos pais e outros parentes que convivem com a criança são muito importantes para montar o seu quadro clínico.
As opiniões de professores também costumam ser consideradas no período de investigação, visto que esses profissionais passam muito tempo com a criança e presenciam comportamentos que os pais podem não ter acesso.
Além disso, os professores são capacitados para encontrar sinais de transtornos de aprendizagem e de conduta nas crianças.
Sendo assim, pais não devem descartar as preocupações de professores logo de cara.
É recomendado fazer uma avaliação psicológica da criança para descartar diagnósticos.
Em síntese, os fatores importantes para se chegar a um diagnóstico em crianças são:
- Histórico de saúde;
- Avaliação clínica do psicólogo e/ou médico; e
- Relatos de pais e professores acerca do comportamento da criança.
Como tratar os transtornos de personalidade em crianças?
O tratamento dos transtornos de personalidade é feito com psicoterapia e, quando necessário, medicamentos psiquiátricos.
Assim, dependendo do quadro clínico, terapias complementares, como musicoterapia e terapia assistida por animais, podem corroborar para o progresso do tratamento.
A terapia é o pilar principal do processo.
O paciente gradativamente se torna capacitado a identificar padrões de comportamento, pensamento e sentimentos disfuncionais, substituindo-os por versões saudáveis.
Com as crianças, esse processo não costuma ser tão linear quanto com adultos, mas, novamente, o avanço do tratamento depende do caso.
Sessões de terapia com pais ou tutores cujo objetivo é melhorar a convivência familiar são igualmente necessárias.
Os comportamentos dos membros da família afetam a dinâmica familiar como um todo.
Naturalmente, os pais ficam emocionalmente exaustos ao lidar com as dificuldades emocionais ou psicológicas dos filhos.
Os pequenos, por sua vez, se cansam das interações familiares confusas e emocionalmente carregadas.
A manutenção dos relacionamentos, então, é necessária para evitar o esgotamento e o distanciamento emocional dos entes queridos.
Na terapia, as famílias encontram tanto o conhecimento quanto o apoio psicológico necessário para passar por momentos de adversidade e construir laços mais fortes.
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Autor: psicologa Amanda Mendes Martins da Costa - CRP 06/155761Formação: A psicóloga Amanda Mendes é formada há 5 anos e atua em seus atendimentos com base na Psicanálise atendendo adolescentes e adultos em questões de ansiedade, questões profissionais, depressão, estresse, autoestima e desenvolvimento pessoal...