Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Rosana Tamyres Ferreira - Psicólogo CRP 06/139956
À medida que estudiosos, organizações e profissionais compreendem a relação entre saúde mental e trabalho, novos fatores estressores que podem comprometer tanto a produtividade quanto a felicidade de colaboradores são identificados.
Recentemente, especialistas começaram a falar de condições que vão além da Síndrome de Burnout, a qual já vem sido discutida há anos. Além de afetarem o aproveitamento do trabalho e vida pessoal dos trabalhadores, elas também causam prejuízos para as organizações.
Um profissional que enfrenta conflitos emocionais e sofre de estresse não consegue trabalhar bem. Ele pode chegar ao ponto de pedir demissão para procurar outra oportunidade profissional devido ao seu descontentamento.
Segundo psicólogos, os profissionais precisam estar atentos para não replicarem comportamentos que danificam a sua saúde mental e podem culminar em condições graves, como depressão, e doenças psicossomáticas. O autocuidado no ambiente de trabalho é essencial para promover uma rotina profissional saudável.
Saúde mental e trabalho
A maioria dos adultos passa grande parte do seu tempo de vida trabalhando. São oito horas – ou mais – de convivência com colegas, superiores e clientes, bem como de execução de tarefas, planejamento e participação em compromissos, durante cinco ou seis dias semanais.
A produtividade dos profissionais está diretamente conectada à sua saúde mental e física e bem-estar. Um profissional desmotivado e sobrecarregado não trabalha por prazer. Ele somente conclui as tarefas cuja responsabilidade é atribuída à ele, mas nem sempre o faz com qualidade.
Esse profissional também tem mais chance de mudar de emprego ou de desacreditar na empresa durante uma crise, especialmente se estiver estressado por conta do trabalho.
O ambiente de trabalho é um dos principais fatores que influenciam positiva ou negativamente esses três elementos. Se ele é desagradável, estressante ou desinteressante, os trabalhadores chegam mais rápido ao esgotamento e têm dificuldade para se comprometerem totalmente com os objetivos da empresa. Por que eles deveriam se importar se a organização claramente não se importa?
Dessa forma, a consciência de que as empresas são responsáveis até certo ponto pelo bem-estar psicológico dos colaboradores vêm crescendo.
Além da qualidade do ambiente de trabalho, a disponibilidade de recursos para executar as tarefas, a quantidade de trabalho, a cultura organizacional e o feedback positivo dos superiores também impactam a saúde mental dos profissionais. Logo, as empresas hoje precisam ficar de olho em todos esses componentes.
Os profissionais também estão desenvolvendo uma perspectiva diferente acerca da relação entre a sua saúde mental e o trabalho, passando a considerar com mais frequência se o atual emprego contribui para que eles se sintam estressados ou realizados.
Transtornos relacionados ao trabalho
Existem alguns transtornos cuja origem está atrelada ao trabalho. Profissionais que estão se sentindo desconectados de si mesmos ou exaustos em virtude da sua vida profissional agora podem identificar com mais clareza o porquê disso.
Como dito, as horas de trabalho tomam grande parte da rotina diária dos adultos, por isso, o mínimo que se espera é que elas sejam bem aproveitadas, não é mesmo?
O contato frequente com o estresse, desânimo e tédio não apenas rouba o sentimento de autorrealização dos profissionais, mas também prejudica a saúde mental. Pensando nisso, separamos quatro condições que possuem relação com o trabalho.
1. Síndrome de Burnout
Também conhecida como estresse ou esgotamento ocupacional, a Síndrome de Burnout é caracterizada pela exaustão mental, física e psicológica originada de longos períodos de estresse no trabalho.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) adicionou a Síndrome de Burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), o qual entrará em vigor 1º de janeiro de 2022. Ou seja, a partir desta data, ela passará a ser considerada uma doença.
Um profissional pode ficar esgotado ao trabalhar por longas horas periodicamente, ter mais responsabilidades do que consegue administrar, atender a compromissos profissionais sem descanso e ter relacionamentos conturbados no trabalho.
Sendo assim, todos os fatores relacionados à sua vida profissional podem acabar causando burnout se atrelados à uma grande carga negativa. Para prevenir essa situação, a empresa deve criar um ambiente de trabalho aprazível, confortável e eficiente para que o trabalho seja feito sem empecilhos.
Por outro lado, o profissional também deve se cuidar para evitar o burnout. Pessoas viciadas em trabalhar, por exemplo, são mais suscetíveis a chegar ao esgotamento profissional. Por isso, é necessário aprender a impor limites às demandas de colegas e chefes.
2. Bore-Out
O Bore-Out não é um transtorno oficial, mas é uma condição que afeta muitos profissionais. Trata-se de quando o trabalho não é interessante nem desafiador para o profissional, causando tédio crônico.
Outros sintomas incluem desânimo, raiva, tristeza e ansiedade, os quais podem desencadear depressão, burnout ou uma doença psicossomática eventualmente. O profissional com bored-out também começa a se sentir inútil uma vez que suas competências não estão sendo apreciadas pela empresa.
A rotina maçante deixa as pessoas desmotivadas não somente com o emprego, mas com outros aspectos de suas vidas. Elas começam a fazer as coisas somente por fazer, sem prestar muita atenção ou se dedicar às atividades. Por exemplo, chegam tarde no trabalho, saem mais cedo, não se importam com feedback de projetos e não se relacionam com os colegas.
Para encontrar o prazer novamente em suas vidas, elas podem até desenvolver hábitos ruins, como comprar ou comer de modo compulsivo. Embora se sintam bem após engajar nesses comportamentos, o mal-estar emocional retorna em pouco tempo.
3. Brownout
O termo “brownout” tem origem na indústria de energia. Um brownout acontece quando uma queda de tensão elétrica faz com que as luzes diminuam de intensidade ou pisquem. Com os profissionais, acontece o mesmo. Eles experimentam uma queda em seus níveis de energia, tornando-se apáticos.
Enquanto os sintomas do burnout são facilmente identificados, os do brownout são mais sutis. Logo, profissionais não percebem que estão sofrendo de uma queda de energia crônica. Essa falta de percepção corrobora para que o brownout evolua para o esgotamento profissional.
Os sinais mais comuns de brownout são: desinteresse pelo trabalho, frustração, falta de motivação, cansaço mental, fadiga e falta de energia para aproveitar as demais esferas da vida, como vida social e amorosa. Nas reuniões, pode haver pouca ou nenhuma participação do profissional com brownout.
Profissionais também podem começar a questionar se o rumo que suas carreiras estão tomando é o desejado. A preocupação acerca da qualidade de suas escolhas pessoais, as quais os levaram a se sentirem insatisfeitos com o trabalho, estimulam a ansiedade.
4. Depressão
A depressão não é um transtorno do trabalho propriamente dito, mas é uma condição que afeta a saúde mental e a produtividade dos profissionais. O estresse no ambiente de trabalho pode ser tanto a causa da depressão quanto um catalisador para o agravamento dessa condição.
O profissional depressivo sente sintomas semelhantes ao profissional com burnout, bore-out e brownout. Ele fica apático, cansado, triste ou irritado sem motivo, deixa de correr atrás de seus objetivos profissionais, comete erros por desatenção e chega atrasado ou nem sequer aparece na empresa.
Diversas situações no trabalho podem acabar causando depressão. O profissional que não se sente valorizado, não executa o trabalho que deseja, tem dificuldade para subir na carreira mesmo após anos de dedicação, sofre bullying de colegas e trabalha demasiadamente não se sente bem no dia a dia.
O estresse, os pensamentos negativos e a insatisfação podem culminar na depressão com o passar do tempo.
O que fazer?
Profissionais que se identificaram com alguma das condições listadas anteriormente podem buscar ajuda psicológica. A terapia auxilia tanto no tratamento de sintomas depressivos e do esgotamento ocupacional quanto ajuda os profissionais a desenvolverem uma relação saudável com seus trabalhos.
Se você não está feliz no seu trabalho, o que pode ser feito para mudar isso? Buscar novas oportunidades profissionais? Mudar de profissão? Modificar seus planos de carreira? Mudar o seu comportamento para que seja possível aguentar os pontos negativos e desfrutar dos pontos positivos do trabalho?
Todos esses questionamentos podem ser discutidos na terapia. A orientação de um psicólogo pode estimular reflexões significativas e, consequentemente, esclarecimentos sobre a sua trajetória profissional. Talvez não seja necessário mudar tudo, talvez sim.
É importante ter em mente que embora o trabalho compõe uma parte necessária da vida de praticamente todas as pessoas, ele não deve ser desgastante.
Se por questões financeiras você não puder pensar em buscar uma oportunidade profissional mais satisfatória, pode, pelo menos, mudar o modo como você interage com o trabalho. Com inteligência emocional, o estresse e outros fatores desgastantes relacionados à vida profissional podem ser melhor administrados.
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